Empreendedoras enfrentam o baixo empoderamento no Brasil

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O Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer até a igualdade de gêneros. Para além de uma informação conhecida e verificada no dia a dia de muitas brasileiras, esta é também a conclusão de um recente relatório conjunto do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e da ONU Mulheres, que classificou o Brasil entre os países em que o empoderamento feminino é “médio-baixo”. 

O documento, chamado The Paths to Equal (Os Caminhos para Igualdade, em tradução livre) e publicado oficialmente no mês passado, mapeou o avanço da situação das mulheres no mundo e foi baseado em dois índices complementares: o Índice de Empoderamento das Mulheres (WEI, na sigla em inglês) e o Índice Global de Paridade de Gênero (GGPI, na sigla em inglês). 

O Índice de Empoderamento das Mulheres considera cinco dimensões: vida e saúde; educação, capacitação e conhecimento; trabalho e inclusão financeira, participação nas tomadas de decisões e liberdade de violência. Já o GGPI avalia dimensões similares, mas em comparação com os dados relativos aos homens, produzindo um índice relativo. Em conjunto, os dois indicadores geram uma nota de 0 a 1, que indica a situação das mulheres em relação à liberdade para fazer escolhas e conquistar oportunidades.

O índice de empoderamento feminino no Brasil é de 0,637, colocando o país entre as nações de médio-baixo empoderamento. “Isso reflete uma análise do status e da participação das mulheres na sociedade brasileira”, aponta Cristina Boner, profissional da área de tecnologia que empreende no mercado brasileiro há vários anos.

“Observamos a desigualdade de gênero em áreas como representação política, participação no mercado de trabalho, acesso à educação e saúde, entre outros”, pontua a empresária. “De uma forma geral, as mulheres brasileiras enfrentam barreiras persistentes para participar plenamente da força de trabalho e para ocupar posições de liderança e poder em muitos setores”, completa.

Desenvolvimento e desigualdade

O levantamento mapeou a situação do empoderamento das mulheres em 114 países e gerou resultados preocupantes, como a porcentagem de mulheres e meninas que vivem em um país com alto empoderamento feminino e alta igualdade de gênero: apenas 1% delas. No Brasil, o índice de igualdade de gênero mostra que as mulheres têm indicadores 32% mais baixos do que os homens nas dimensões de vida e saúde; educação, capacitação e conhecimento, trabalho e inclusão financeira; e participação nas tomadas de decisões.

Segundo a ONU Mulheres, um destaque dos resultados do relatório é o fato de que maior desenvolvimento humano, de forma geral, não significa maior igualdade de gênero e mais empoderamento das mulheres. Muitos países incluídos no estudo apresentavam alto ou muito alto desenvolvimento humano e ainda têm baixo ou médio índice de empoderamento das mulheres. O Brasil é um caso de país em que o crescimento do índice de desenvolvimento humano não significou maior paridade de gênero e maior liberdade das mulheres para a tomada de decisões.

Inovação nas políticas para igualdade: mulheres empreendedoras

O objetivo do estudo, segundo o PNUD e a ONU Mulheres, foi reunir “dados robustos” e medidas que fossem comparáveis entre os países, baseadas em metodologias sólidas, para orientar políticas voltadas a aumentar o empoderamentos de mulheres e meninas e atingir a igualdade de gênero global. Por ter sido feito com indicadores inéditos, o documento pode ser o ponto de partida para o desenvolvimento de novas políticas e ações sociais.

Para Cristina Boner, o avanço no empoderamento das mulheres depende dessa possível inovação nas políticas. “Essa avaliação do empoderamento feminino é uma medida que pode evoluir ao longo do tempo, dependendo das políticas, ações e mudanças sociais implementadas a partir de agora”, diz a empreendedora. 

Após anos empreendendo em tecnologia da informação, Boner concorda com a orientação proposta pelo relatório, que sugere um foco na capacitação de meninas e mulheres para a era digital. A ONU Mulheres propõe pensar ações para reduzir os déficits na educação de áreas como ciência, tecnologia, engenharias e matemática para melhorar os índices de igualdade de gênero.

“Essa avaliação serve como um chamado à ação para promover a igualdade de gênero e criar um ambiente em que todas as pessoas possam contribuir plenamente para a sociedade, independentemente do gênero”, conclui a Boner.

O levantamento também sugere a definição de políticas voltadas para o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Serviços de cuidados infantis, licenças parentais e arranjos de trabalhos flexíveis são temas que afetam as escolhas e liberdades de mulheres empreendedoras no Brasil e que têm o potencial de colaborar com a mudança da situação da paridade de gêneros no país.

Para saber mais basta acessar: www.cristinaboner.com.br e Cristina Boner | LinkedIn

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